Estudante do interior de SP cria corante natural para tecidos que não polui rios e ribeirões

  • 08/03/2025
(Foto: Reprodução)
Objetivo é oferecer alternativa sustentável aos corantes sintéticos da indústria têxtil, que são nocivos ao meio ambiente. Projeto é finalista em feira nacional de ciências. Estudante do interior de SP cria corante para tingir tecidos que não polui corpos d'água Uma estudante de Limeira, no interior de São Paulo, desenvolveu um corante natural para tingimento de tecidos que não causa poluição. O projeto é uma alternativa aos corantes sintéticos utilizados pela indústria têxtil, que têm potencial de poluir corpos d'água, como rios e ribeirões. 📲 Participe do canal do g1 Piracicaba no WhatsApp Segundo levantamento da organização sem fins lucrativos Global Fashion Agenda em 2022, a indústria da moda é a segunda mais poluidora do mundo, atrás apenas da indústria petrolífera. O estudo aponta que 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados em anos recentes. E foi esse cenário que levou Beatriz Gallicchio Larsen, de 18 anos, a ter a ideia do biocorante, que foi tema de seu trabalho de conclusão de curso (TCC) técnico em química da Escola Técnica Estadual (Etec) Trajano Camargo, sob orientação da professora Gislaine Delbianco e coorientação da professora Inessa Bagatini. Processo de criação de biocorante sustentável Acervo pessoal "Na minha iniciação científica na Unicamp, em 2023, eu conheci uma professora que estava trabalhando numa pesquisa sobre os malefícios dos pigmentos têxteis sintéticos em animais ou micro-organismos aquáticos. E detectou que um pigmento em específico mudava a genética de um desses micro-organismos em até três gerações, o que é muita coisa. Então, eu comecei a pensar em algo voltado à área de tingimento desses tecidos", explica a autora. Ela também destaca os malefícios desses produtos para a saúde humana. "Os corantes sintéticos não só podem causar as eutrofizações [poluições] de rios, lagos, como também, quando entram em contato com a saúde humana, podem trazer sérios riscos cancerígenos. São mais de 3 mil desses corantes listados", alerta. Biocorante é produzido a partir de pigmentos de microalgas e cianobactérias Acervo pessoal Como foi o processo de criação? 🧪 O corante biológico do projeto de Beatriz é criado a partir de pigmentos de microalgas e cianobactérias. "Nós podemos cultivar essa biomassa, secá-la e extrair a substância de interesse. Nesse caso, a clorofila A e a ficocianina, que são os nossos dois pigmentos naturais. Dessa forma, realizamos a formulação desses corantes, que continham, além do pigmento, um mordente e um fixador - que fixam o corante nas fibras -, e aplicamos eles no tingimento de tecidos naturais e sintéticos", detalha a autora do projeto. Corante teve melhor aderência em tecidos sintéticos Acervo pessoal O que é possível tingir? 👕👖 Os melhores resultados obtidos foram nos tecidos sintéticos, como o poliéster e o elastano. "Além de uma boa coloração, uma coloração atrativa ao consumidor, [esses pigmentos] também demonstraram uma boa aderência e maior homogeneidade nos testes de fixação", explica Beatriz. Há outros benefícios ambientais? ♻️ Indiretamente, o próprio cultivo de algas e cianobactérias gera outro benefício, já que nesse processo natural elas realizam um processo de restauração ambiental. "Elas são cultivadas em imersão de gás carbônico [que é poluente]. Elas fazem a sua fotossíntese e, então, liberam gás oxigênio para a atmosfera", resume a estudante. Ela revela que pretende estudar futuramente esse outro potencial sustentável. Processo de criação do corante Acervo pessoal Finalista em feira nacional de ciências 🏆 Mas o passo mais próximo do projeto é a apresentação dele na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). Beatriz foi selecionada como finalista e vai participar da mostra na semana do dia 25 de março, em São Paulo. "Para mim, é muito importante que esse tema chegue a mais pesquisadores e ao público em geral, já que a intenção aqui é a iniciação na indústria a partir da sustentabilidade. Mas eu vou, sim, trabalhar em mais estudos relacionados, não inteiramente nos corantes, mas agregados às microalgas e à indústria têxtil", acrescenta Beatriz. Veja mais notícias da região no g1 Piracicaba

FONTE: https://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2025/03/08/estudante-do-interior-de-sp-cria-corante-natural-para-tecidos-que-nao-polui-rios-e-ribeiroes.ghtml


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